O Engano do Poeta

31 de julho de 2017

divorcioPreciso confessar que muitas vezes sinto-me imensamente triste. A minha tristeza é consequência de tanta frustração e angústia que tenho observado em muitos casais que estão em crise. Sou pastor e conselheiro e, portanto, costumo me deparar com o desespero, dor e desilusão que tantas pessoas, muitas delas cristãs, experimentam, às vezes sem ter alguém para ajudar a carregar o seu fardo. Compadeço-me com o sofrimento estampado em seus rostos.

Há alguns anos aconselhei um casal. Ele era pastor; ela professora e dona de casa. Ambos estavam casados há 19 anos, tinham três filhos e seríssimos problemas conjugais. Durante muito tempo nos empenhamos tentando desembaraçar toda a rede de frustrações, má comunicação, falta de perdão, sentimentos de culpa que um havia lançado sobre o outro, devido à sua plena desobediência aos princípios claros da Palavra de Deus.

Não existe uma união conjugal isenta de conflitos. Mesmo os relacionamentos mais amadurecidos e profundos enfrentam diferenças e discórdias. Mas dependendo a maneira como são enfrentados e encarados, eles podem tornar-se aliados valiosos.

Como o divórcio acontece? Como duas pessoas que se apaixonaram loucamente, amaram-se de verdade, sentiram-se incompletas na ausência um do outro, de repente chegam à conclusão de que não existe qualquer outra solução possível a não ser separar-se definitivamente?

Pessoas optam pelo divórcio impulsionadas por razões complexas, algumas das quais têm pouco ou nada a ver com incompatibilidade conjugal. Monotonia, atração por outra pessoa, crise de meia-idade e neuroses pessoais são motivos para a falência de tantos casamentos. Por esta razão acredito que a maioria deles pode ser salva e transformada em relacionamentos mais equilibrados se ambos os cônjuges se comprometerem a empreender mudanças para que sua vida conjugal tenha sucesso. Os conceitos de sacrifício e comprometimento têm sido menosprezados, perdendo o seu significado. No processo de perda desses valores, desaparece a habilidade de nos contentarmos com a realidade. Nunca devemos esquecer que para um casamento ser bem-sucedido é imprescindível haver compromisso e disposição para mudar.

O divórcio não é a única solução para um casamento infeliz. Sendo muito sincero, não creio que o divórcio coloque um fim a todos os problemas de um casal. Tenho percebido que essa alternativa às vezes traz mais e maiores complicações ao homem, à mulher e a seus filhos.

Não há melhor lugar para permanecemos a não ser no centro da vontade de Deus. Ele idealizou o casamento para ser uma união indissolúvel. Se uma pessoa quer agradar ao Senhor e viver uma vida calma sob a proteção de sua bênção, ela deve se esforçar para dominar o seu ego e procurar promover a felicidade do seu cônjuge. O mais interessante é que essa atitude também lhe trará felicidade.

Um casamento envolve alegria, riso, companheirismo, momentos muito felizes, mas também dor, irritação, conflitos e até tragédias. Não podemos selecionar apenas o que é agradável e ignorar o sofrimento. Quero salientar novamente que a maneira de encarar e reagir às dificuldades determinará a continuidade do casamento ou a perspectiva de um divórcio.

Vinícius de Moraes disse referindo-se ao amor: “Que seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.” As palavras são lindas, mas o pensamento é contrário ao ensinamento bíblico. Minha sugestão é que você as aprecie apenas como poesia e não as considere como um conselho. Comprometam-se mutuamente. Diferente das palavras da poesia de Vinícius de Moraes, a frase “até que a morte os separe” traduz o ponto de vista de Deus.

Jaime Kemp

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